É a primeira vez que eu tenho um carro com couro de vaca
mesmo, não essas diversas variações ecológicas. Caímos na mesma, uma coisa pré
eco-chatos. E Dr. J os deixou absolutamente impecáveis. Dr. J não deixou uma só
marca de desgaste ! Estou sendo absolutamente fiel. Só no banco do passageiro,
na altura dos joelhos, há um risco de ~
1 cm. Esses passageiros, Dr. J o atirou na mesma hora penhasco a baixo, tenho
certeza.
Reunião familiar, e a cordialidade pede que você
convide (e o faço com prazer) que entrem no seu carro. Mas e se alguém tiver,
sei lá, algum botão, alguma tralha fashion que fira a seus maculados bancos ?
Então foco nas calças jeans. Com as outras você passa o olho na bunda de cada
convidado rapidamente. Mas calças jeans ? Opa. É melhor dar aquela boa
conferida, espera o indivíduo dar uma voltinha completa, ver bem, porque nessa
moda hoje em dia nada é simétrico, é fashion sabe. E tem um botão ! Mas será
que é suficientemente ameaçador ? A conferida pode ser integral apenas momentos
antes do sujeito abrir a porta, então é requerido aqui uma rápida avaliação de
riscos. O que faço durante a semana deve servir para algo, então traço um Risk Assessment. Se você se manifestar,
ele vai se chatear. Mas você nem tem certeza. Na verdade tem uma calça com um
adendo parecido, e aquilo não risca banco nenhum. Mas e se for um botão chinês
cheio de rebarbas ? Vou criar um atrito desnecessário ? Ele não vai entender
quando eu tentar explicar porque não o deixei entrar no carro, eles não
entendem essas coisas com muita facilidade, iria rolar os olhos antes da metade
da explicação que você bolou. Vai, deixa. E aquele primo no ápice de sua
sabedoria suprema ? Que entra no carro em um movimento com a mesma certeza com
que sabe tudo sobre tudo, arrastando a bunda por todo encosto do banco e se não
bastasse dá aquela reboladinha quando se acomoda. Não, ele não está testando o
apoio lateral dos bancos, sei lá o que testa, nada, testa nada, só é um moleque
hiperativo com pretensões a vendedor de televendas.
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Hábitos a que passamos a nos obrigar