Lições de um Miata


Claro, não é de impressionar que isso seja uma das primeiras ânsias. Eu caí na risada-empolgada-emocionada. Um huhuhu, hihihi que se repete algumas vezes com um sorriso na cara. Poxa, eu ando de farol baixo ligado. Li fazem muitos anos atrás uma pesquisa que isso diminui os acidentes inclusive nas cidades lá de algum lugar. Enfim, não faço para aparecer. Quer dizer, faço, mas apenas para me tornar mais visível aos outros veículos. Se eu quisesse inflar meu ego ligava talvez o farol de neblina – também confundido com o famoso farol de milha, talvez para um centésimo de milha ? – e saía por aí como um fora da lei. Enfim, é meu hábito, entro no carro e ligo o farol baixo. Poderia ligar o farol de cidade, mas aquilo é de uma inutilidade que nunca entendi. (Disposto a entender!)

Convenci que o faço por utilidade. Não é mentira. Ok. Mas neste caso concreto que discutimos, que coisa legal demais. :)

Bom, o mecanismo é rápido. Relativo, ok. Aquilo deve abrir/fechar em um piscar de olhos, daquele quando você está cansado. Mecanismo original do carro, nunca deu problema, fator para mim de surpresa. Leio assim que é uma frescura muito bem projetada.

E aquela piscada de farol alto enquanto você está com o farol baixo desligado, lembro sua atenção. Muito importante na dinâmica do trânsito. Com certeza essa solução ao farol a comprometeu. Não. E lhe deu um charme impecável, sensacional. Na verdade reescreve os livros de piscadas de farol alto com farol baixo desligado. A idéia é chamar a atenção, se bem entendo, certo ? Meios auditivos não são aplicáveis/efetivos, e você tem que chamar a atenção de alguma forma. A não ser que seus gases pessoais despertem – além de seu passageiro – a atenção do outro motorista, ou que você não viva em Frankfurt onde se testa protocolos de comunicação sem fio entre veículos (Car2Car), lhe resta o meio visual. Você então emite uma luz. Quantifiquemos isso com um determinado nível de “chamação-de-atenção”. Agora experimente em paralelo, fazer surgir todo um aparato, protuberante, no pleno campo de visão de seu alvo. Wow! O determinado nível de “chamação-de-atenção” anterior ganha a potência de 2! Tenho certeza que uma criança entusiasmada colocaria uma potência infinita, que o colocaria claramente a frente da outra solução.

Deixe lhe explicar. Simultaneamente com o rápido movimento de abertura dos faróis, você tem um forte facho de luz que surge e desaparece em um linearíssimo gradiente, naquele clássico amarelo cada vez mais vintage. Os faróis ficam abertos por mais um tempo, caso você precise ser mais incisivo e depois se retraem. Provavelmente seu alvo verá tanto a abertura quanto o fechamento do mecanismo. Além é claro do facho de luz.

Faz tempo que não dou um sinal de luz para ultrapassar alguém. Mas vou ter que voltar a implementá-lo. Sim, porque quem é que vai resistir a um aceno desses !? Não dá! Mesmo aquele sujeito que é dono da faixa da extrema esquerda, tem o mínimo da sensibilidade necessária para comover-se e esboçar um sorriso. É muito charmoso, é muito elegante, é muito cordial e é simplesmente muito visível!

Padrões/regras/regulamentações de segurança. Sim, um eco-chato que me ver na rua provavelmente vai enlouquecer. Dirá ele (e eles já disseram e nos convenceram disso), cito o eco-chato de minha imaginação:
 “Mas e se você estiver andando na cidade e de repente alguém cruzar a faixa e você não ver e você não freiar e você for e daí atropelar ele e daí ele cair sobre seu capô mas bem em cima do seu farol pra fora e isso machucar ele !? Eihn!? Eihn!? Você vai viver com isso !? Eihn !? E se for um cachorrinho !!!!???

Deixa eu primeiro admitir e deixar claro. Eco-chatos são necessários. Esse aí de cima de minha estereotipada cabeça só precisa se expressar melhor, mas enfim, o mundo em uma ditadura gear-head não seria necessariamente melhor. Os dois lados encontram o meio-termo e vamos adiante. Não quero levantar um raciocínio completo porque não é minha intenção e vocês “meia-dúzia” não querem ler. Mas poxa, minha divagação sobre a utilidade do escamoteável até faz sentido. E o outro sujeito está sendo atropelado ! Estamos trocando segurança passiva por ativa, considero a segunda mais inteligente. E se observar o ganho potencial na redução dos danos, só se escancara cada vez mais essa vantagem. Em um caso o sujeito já está sendo atropelado; já está com as duas pernas e algumas costelas quebradas. Estamos hipoteticamente salvando ele de uma fratura adicional, no braço. (Aventuras no Mundo Médico, Parte 1). No outro, estamos evitando a colisão de dois carros, estamos evitando um acidente, saímos de “um monte de dano” para “nada de dano”. É o ^2 contra o ^Infinito, não há dúvida. E talvez com a “chamação-de-atenção”^infinito o pedestre veria o veículo e não seria atropelado !

Devaneios. Na verdade uma tentativa de agregar valor aos escamoteáveis. Lhe convenci de sua sensacionalidade !? :)

Frases que ouvi / tive que ouvir:
“Abaixa isso, chama muito a atenção” – Parente, na apresentação.

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